domingo, 20 de maio de 2012

hábitos

Acabo de ler uma ótima definição de hábito: "algo que fazemos simplesmente porque a oportunidade se apresenta".

Se pensarmos em hábitos como a combinação entre a ativação de certos "caminhos neurais" ('neural pathways") e o comportamento que segue à essa ativação, então estes não diferem de qualquer outra estrutura que temos em nossos cérebros que tenha influência comportamental (subjetiva ou objetiva), e basta um estímulo à qualquer porção deste caminho para ativá-lo.

A parte sobre a "oportunidade se apresentar" diria respeito então à analogia entre algum estímulo sensorial  ambiental e qualquer porção deste "caminho". Um exemplo seria ouvir algumas notas de uma música e através deste pequeno trecho a música inteira é trazida de volta à consciência, mesmo que o trecho seja um do meio ou final da música.

Isto tem óbvias implicações no ensino, na aprendizagem, na comunicação e na terapia. Se quero obter determinada resposta de alguém, e as minhas tentativas "de praxe" não surtem efeito, posso imaginar algum outro componente deste comportamento (que imagino necessariamente faça parte dele) e que quero suscitar e então fazer referência à ele de alguma forma. Como um mágico que deseja que a pessoa escolha uma carta de naipe vermelho, e por isto diz para o voluntário: "Quero que você pense em uma carta QUENTE."

Ou então, se quero ensinar ou aprender algo, não preciso necessariamente partir "do começo". À medida que o assunto é visto e revisto, uma espécie de "mapa" do assunto vai se formando em nossos cérebros, certos trechos irão conter referências uns aos outros, uns mais fracos, outros mais fortes, como pontes que são construídas em determinados trechos de rios pois a necessidade das pessoas de passarem por ali se fez presente repetidas vezes.

Por isso, uma das filosofias da aprendizagem acelerada é a exposição não-linear, quase aleatório ao conteúdo. Isto se dá na prática com algumas técnicas como "mapas mentais", ou então folhear livros sobre o assunto que você queira aprender e deixar com que os assuntos que lhe chamam mais a atenção sejam vistos primeiro, e mais tarde quando um "núcleo" mais sólido tenha se formado as outras peças de informação são agregadas àquela forma inicial, como uma grande rede, conectada a outras redes maiores e menores.

3 comentários:

Martin disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Martin disse...

Interessantíssimo, seu post.

Está diretamente alinhado com a teoria das redes semânticas. A mesma postula que construímos "tecidos" mentais interconectados. Estes nos permitem atribuir sentido às nossas vivências.

O hábito, portanto, se manifesta como reação automática à determinado "gatilho" que se apresente no ambiente.

Bill Piazzetta disse...

Sim! Acredito que não haja diferença entre um "habito" e um "conhecimento" ou uma "habilidade", todos são respostas condicionadas, dependentes de certas condições para aparecerem. Só que as pessoas acham estranho pensarem que "aprenderam" a roer suas unhas, ou que "treinaram" a depressão tão bem que ficaram peritas nisto!